terça-feira, 31 de março de 2009
Sete passos
“Sete Passos” pelas ruas de Freixo
Em tempo de Quaresma, a vila de Freixo de Espada à Cinta continua a manter viva a tradição da procissão dos “Sete Passos”.
O ritual, único em todo o País, tem uma organização que passa de pais para filhos, não havendo espaço para a entrada de pessoas estranhas.
Quando o relógio da Torre Heptagonal, assinala o primeiro batimento das 12 badaladas, altura em que a iluminação pública da vila se apaga, ficando todo o percurso escuro como o breu.
Dá-se então início à procissão que vai percorrer as principais ruas da localidade, que são escolhidas ao acaso, para ver passar o ritual de Encomendação da Almas. O percurso tem início junto à porta principal da Igreja Matriz e demora cerca duas horas.
O grupo coral que acompanha a procissão entoa um cântico dolente e penetrante, cantado em português e latim, apenas junto a igrejas e encruzilhadas.
A figura principal de toda a procissão é a velhinha, “uma personagem vestida de negro, que percorre todo o trajecto curvada, com “cajado” na mão e com uma lanterna alimentada a azeite na outra. Outro dos elementos em destaque neste ritual é uma bota com vinho, que significa o sangue de Cristo derramado.
Sons das peças de ferro, presas à perna de duas pessoas tornam a via-sacra ainda mais penitente
Há períodos na procissão em que as pessoas se aproximam da velhinha com humildade, em sinal de penitência, que dá de beber, apenas, a quem demonstra mais respeito e arrependimento. A identidade de quem encarna tal personagem é sempre motivo de curiosidade, já que não é fácil saber de quem se trata.
Quanto à designação “Sete Passos” é entendida como o compasso, visto que toda a procissão é efectuada ao ritmo de um compasso de sete passos, bem medidos e compassados.
Os sons das peças de ferro, presas à perna de duas pessoas, que são arrastadas ao longo do trajecto tornam a via-sacra ainda mais penitente.
A última noite dos “Sete Passos” é a mais esperada por todos os freixenistas, já que nas anteriores seis sextas-feiras todas as personagens que compõem a procissão são masculinas. Na Sexta-feira Santa junta-se às restantes personagens um grupo de mulheres, conhecidas pelas três Marias.
Esta procissão é encarada com respeito, arrependimento e penitência.
Por: Francisco Pinto
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2 comentários:
Belo! Arrepiante!
Só é pena a informação deixar o amargo de boca de ter de procurar na net algo mais sobre essa tradição que retrata bem as raízes profundas da cultura em que estamos mergulhados
Olá Euroluso, também a "passear" por Freixo. Gostei das suas reportagens no planalto mirandês. Freixo também merece uma longa visita.
Agora na época da Páscoa, é uma boa altura.
Xo_oX
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