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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O meu concelho


Ó Freixo de Espada à Cinta tu estás sempre alerta
E mostras-te a nu, a quem por ti passa
Do Douro à serra e na hora certa
Desde a Barca D'Alva até Lagoaça.

E quem é que não gosta da tua imagem
E da linda paisagem, que tens a teus pés
E o Rio Douro que parece um espelho
E banha o Concelho desde lés a lés.

E quem não conhece as tuas amendoeiras
Que alegram o Mundo, quando estão em flor
E dos grandes pomares que tens de laranjeiras
Vinhedos e oliveiras que há em teu redor.

E como agora já quase não há fronteiras
Portugal e Espanha já livres de perigos
E em dias de festas, domingos e feiras
Todos se visitam, como bons amigos.

Peço a quem me escuta para visitar
O nosso concelho, não andem à toa
Tenho a certeza que vão adorar
E que vão gostar desta gente boa.

Deixai que vos fale este pobre velho
Quero-vos deixar versos como adornos
E erguer bem alto sempre o meu Concelho
Porque amo Freixo, Mazouco e Fomos.

Poema de António Páscoa, do livro "Cores na Escuridão", 2003.

domingo, 13 de julho de 2008

Ode ao Douro (I) - Congida


Congida

I
Sobre o arado das águas, sulcando teu leito bordado de virgindade, defendida por castelos e gigantes de granito, que só os grifos, em seu planar circular, sabem da altura, voo.

II
Acima dos lábios das margens, teu púbis é um bosque de lodões, que o sobreiral e o fragaredo continuam arribas acima.
Rente à tremura da água, esvoaçam garças-reais, depenicando-a, de longe em longe.
No morro, o abutre-do-egipto, embalsamado de hirteza, espreita a morte, qual Osíris a chegada de um mortal para lhe pesar a alma.

III
Aqui mora o princípio: para além da guerra e da paz e dos pombais da Civilização, as boas selvagens pombas das fragas, acima do simbolismo de suas irmãs civilizadas, despegam, em voo assustado, do seu inacessível fragoso reduto, voltado para o meio-dia.

IV
De regresso ao cais, a chuva vem ao meu encontro, trazendo-me a lembrança das águas primordiais, nascentes diluvianas que fizeram mares.

V
Dei o óbolo ao barqueiro, que me trouxe à vida, naturado, limpo e ressuscitado. A Civilização é um pecado, que a Natureza dificilmente nos irá perdoar.



Do livro "Ode ao Douro", de António Manuel Caldeira Azevedo.
Lello Editores, 2007.

Fotografias da Congida, 13 de Julho de 2008.